Tuesday, April 1, 2008

OLHANDO PRA TRAZ E OLHANDO PARA FRENTE

(Traduzido por Nina Michaelis)

Cresci em meio a classe trabalhadora na cidade de Chicago. Ja no primário, minha professora ensinou-nos que nenhum de nós jamais poderia ser presidente dos Estados Unidos porque todos nós éramos católicos ou judeus. "Somente protestantes podem ser presidente," disse ela.

Na época nem eu nem meus amigos ficamos desapontados por não podermos ser presidente, mas com certeza ficamos muito curiosos sobre o que seria um Protestante? A maioria de nós não conhecíamos nenhum. Isso porque naquela época a América era segregada e dividida, não apenas racialmente mas também quanto a religião e etnia. Cada um vivia e interagia dentro da sua própria vizinhança, no próprio quarteirão e no próprio grupo familiar.

Um dia, nos primórdios dos anos 60, quando eu tinha 21 anos, aconteceu um fato novo que estava para mudar tudo: John Fitzgerald Kennedy era candidato a presidente dos Estados Unidos. E nós ficamos sabendo que se um católico podia virar presidente, então tudo era possível. Ele foi eleito e eu saí da minha vizinhança étnica em Chicago para uma pós graduação na Universidade de Columbia em Nova York.

Me graduei em política norte-americana. Minhas pesquisas foram sobre o estudo das raças e a pobreza nas grandes cidades. Minha primeira publicação, junto com dois colegas foi sobre uma votação que houve em Nova York sobre uma tentativa de rever casos de brutalidade policial (principalmente contra negros). Meu primeiro emprego como professor foi no Oberlin College em Ohio onde fiquei ativo nos movimentos pelos direitos civis. Depois disso fui promovido para a Universidade de Ilinóis onde conduzi pesquisas a respeito da participação do cidadão pobre nos programas anti-pobreza promovidos pela cidade de Chicago.

Enquanto isso, nos campus universitarios, a guerra do Vietnã ganhava espaço como prioridade política. Era um enorme caldeirão de ressentimentos passados misturados com as mais promissoras possibilidades até então imaginadas. Nós eramos a revolução. Aí chegou 1968: em abril houve o assassinato de Martin Luther King. Robert Fitzgerald Kennedy foi morto em junho. Em agosto a Conveção Democratica provocou violência nas ruas de Chicago. Foi o suficiente para mim.

Muitos de nós começávamos o processo de nos retirarmos dos Estados Unidos, alguns mudando de mentalidade, alguns mudando de solos. Pensavamos: "Os Estados Unidos são e sempre serão os Estados Unidos, é hora de buscarmos outras coisas."

Quem podia imaginar que um dia de Chicago chegaria algo como o que está por acontecer...

(em inglês)



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